sábado, 10 de março de 2012

Livro 4ª parte

VI

Uma noite sem sono

O que tem em uma garota para fazer isso com um homem foi uma longa tarde, assim como as demais exceto o fato de poder estar em casa, na maior parte das vezes tínhamos estudos na escola, era praticamente um estudo integral, aquela tarde meu pensamento se tornou incapaz de compreender ou de explicar o porquê razão não havia possibilidade alguma de pensar em outra coisa a não ser ela, me tornei um poço de pensamento único, por mais que tentava tudo parava nela.
Para você leitor fica fácil imaginar o nome de Capitu, por que já lhes disse, porém se voltar as páginas e reler nosso diálogo que não perguntei o nome dela e nem ela o meu, o que me levou a pensar nela e ao mesmo tempo me matar de ódio por ser tão incompetente a ponto de não ter perguntado o nome da bela, provavelmente nunca mais iríamos nos falar, como seria difícil reencontrá-la no meio em só há meninas e nada mais, me sentia um idiota sem escrúpulos, rústico da idade da pedra, encontrar um garota e nem ao menos perguntar o nome dela, não conseguia me chamar de outra maneira a não ser de idiota.
Cheguei ao limite de me esmurrar a cabeça e arrancar alguns fios de cabelo, minha mãe prezava meus cabelos, um preto que reluzia curto como o de todos os meninos eu não era tão alto, ainda estava em processo de crescimento, confesso, tive um crescimento tardio se comparado aos meninos de minha idade, mas sempre tem que haver alguém assim, só tive o azar de ser eu essa pessoa, sempre fui muito raquítico e devido a isso carreguei o pseudônimo de pena, muitos amigos nem sabiam meu nome e só me chamavam de pena, poderia em algum dia assim como meu amigo receber o requinte de Dom, Dom Pena, até que não soa tão mal.
Chegada a noite nada mudou em minha cabeça, foi uma noite sem sono, a melhor e pior de minha vida, culpa da paixão, calor, coração pulsante e errante, seria eu o cavaleiro das trevas? Paixão era para tolos não para mim, por quê? Era a pergunta que me questionava a todo instante sem cessar, porque eu nunca quis me apaixonar, nunca me senti nem mesmo atraído por uma garota, fui apanhado tão facilmente, o sentimento não me abandonava e a noite a me engolir, enfim dormi e na escuridão as coisas foram aos poucos se transformando diante dos meus olhos.

sexta-feira, 9 de março de 2012

retomando a leitura

Para quem estava esperando a sequencia do meu livro estarei postando neste sábado (14/03) uma nova parte, fiquei super feliz com o interesse de alguns alunos, fiquem sabendo que faço isso por vocês, pois acredito que o mundo pode ser melhor do que é, e isso vai se tornar realidade através da literatura.
Com essa volta estarei novamente seguindo a linha de folhetins como no projeto inicial, ou seja toda semana ou a cada 15 dias pretendo lançar uma parte.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

blogs, twitter, orkut e outros buracos

Não estou no “twitter”, não sei o que é o “twitter”, jamais entrarei nesse terreno baldio e, incrivelmente, tenho 26 mil “seguidores” no “twitter”. Quem me pôs lá? Quem foi o canalha que usou meu nome? Jamais saberei. Vivemos no poço escuro da web. Ou buscamos a exposição total para ser “celebridade” ou usamos esse anonimato irresponsável com o nome dos outros. Tem gente que fala para mim: “Faz um blog, faz um blog!” Logo eu, que já sou um blog vivo, tagarelando na TV, rádio e jornais… Jamais farei um blog, esse nome que parece um coaxar de sapo boi. Quero o passado. Quero o lápis na orelha do quitandeiro, quero o gato do armazém dormindo sobre o saco de batatas, quero o telefone preto, de disco, que não dá linha, em vez dos gemidinhos dos celulares incessantes.
Comunicar o quê? Ninguém tem nada a dizer. Olho as opiniões, as discussões “on line” e só vejo besteira, frases de 140 caracteres para nada dizer. Vivemos a grande invasão dos lugares-comuns, dos uivos de medíocres ecoando asnices para ocultar sua solidão deprimente.
O que espanta é a velocidade da luz para a lentidão dos pensamentos, uma movimentação “em rede” para raciocínios lineares. A boa e velha burrice continua intocada, agora disfarçada pelo charme da rapidez. Antigamente, os burros eram humildes; se esgueiravam pelos cantos, ouvindo, amargurados, os inteligentes deitando falação. Agora não; é a revolução dos idiotas “on line”.
Quero sossego, mas querem me expandir, esticar meus braços em tentáculos digitais, meus olhos no “Google” (“goggles” – olhos arregalados) em órbitas giratórias, querem que eu seja ubíquo, quando desejo caminhar na condição de pobre bicho bípede; não quero tudo saber, ao contrário, quero esquecer; sinto que estão criando desejos que não tenho, fomes que perdi. Estamos virando aparelhos; os homens andam como robôs, falam como microfones, ouvem como celulares, não sabemos se estamos com tesão ou se criam o tesão em nós. O Brasil está tonto, perdido entre tecnologias novas cercadas de miséria e estupidez por todos os lados. A tecnociência nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas vivas, chips, pílulas para tudo, enquanto a barbárie mais vagabunda corre solta no país, balas perdidas, jaquetas e tênis roubados, com a falsa esquerda sendo pautada pela mais sinistra direita que já tivemos, com o Jucá e o Calheiros botando o Chávez no Mercosul para “talibanizar” de vez a América Latina. Temos de ‘funcionar’ – não de viver. Somos carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa. Assistimos a chacinas diárias do tráfico entre chips e “websites”.
O leitor perguntará: “Por que esse ódio todo, bom Jabor?” Claro que acho a revolução digital a coisa mais importante dos séculos. Mas estou com raiva por causa dos textos apócrifos que continuam enfiando na internet com meu nome.
Já reclamei aqui desses textos, mas tenho de me repetir. Todo dia surge uma nova besteira, com dezenas de emails me elogiando pelo que eu “não” fiz. Vou indo pela rua e três senhoras me abordam: “Teu artigo na internet é genial! Principalmente quando você escreve: ‘As mulheres são tão cheirosinhas; elas fazem biquinho e deitam no teu ombro…’ “Não fui eu…”, respondo. Elas não ouvem e continuam: “Modéstia sua! Finalmente alguém diz a verdade sobre as mulheres! Mandei isso para mil amigas! Adoraram aquela parte: ‘Tenho horror à mulher perfeitinha. Acho ótimo celulite…’” Repito que não é meu, mas elas (em geral barangas) replicam: “Ah… É teu melhor texto…” – e vão embora, rebolando, felizes.
Sei que a internet democratiza, dando acesso a todos para se expressar. Mas a democracia também libera a idiotia. Deviam inventar um “antispam” para bobagens.
Vejam mais o que “eu” escrevi: “As mulheres de hoje lutam para ser magrinhas. Elas têm horror de qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba!…” Luto dia e noite contra cacófatos e jamais escreveria “cós acaba!” Mas, para todos os efeitos, fui eu. Na internet, eu sou amado como uma besta quadrada, um forte asno… (dirão meus inimigos: “Finalmente, ele se encontrou…”)
Vejam as banalidades que me atribuem:
“Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!”
Ou: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!”
Ainda sobre a mulher: “São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades”.
Há um texto bem gay sobre os gaúchos, há mais de um ano. Fui “eu”, a mula virtual, quem escreveu tudo isso. E não adianta desmentir.
Esta semana, descobri mais. Há um texto rolando (e sendo elogiado) sobre “ninguém ama uma pessoa pelas qualidades que ela tem” ou outro em que louvo a estupidez, chamado “Seja Idiota!”…
Mas o pior são artigos escritos por inimigos covardes para me sujar.
Há um texto de extrema direita, boçal, xingando os brasileiros, onde há coisas como: “Brasileiro é babaca. Elege para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari. Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de R$ 90 mensais para não fazer nada não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo. Noventa por cento de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como ‘aviãozinho’ do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora… O brasileiro merece! É igual a mulher de malandro – gosta de apanhar…”
E o pior é que muita gente me cumprimenta pela “coragem” de ter escrito essa sordidez.
Ou seja: admiram-me pelo que eu teria de pior; sou amado pelo que não escrevi.
Na internet, eu sou machista, gay, idiota, corno e fascista.
É bonito isso?

FONTE:
http://ebooksgratis.com.br/informacao-e-cultura/papo-cabeca/papo-cabeca-blogs-twitter-orkut-e-outros-buracos/