sábado, 2 de julho de 2011

LIVRO 1ª parte


I
Antes das histórias dos subúrbios

É difícil acreditar que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar, mas a casos que comprovam que isso é mentira, pode sim cair no mesmo lugar, mas agradeço por ainda não ter caído nenhum em minha cabeça, pois com a sorte que tenho poderia cair outro logo em seguida.
Mais é fácil acreditar que na vida acontecem histórias que por meio são semelhantes, “pois a vida tem dessas coisas assim esquisitas” não é verdade?
Certamente você meu amigo já passou por certos momentos na vida que as coisas pareciam estar no fim, que não havia soluções para as coisas, e de repente notou que já tinha passado, e se por acaso ainda está passando por um momento difícil, saiba que tudo passa um dia.
Na minha vida todas as coisas passaram a ser diferente depois que conheci Bento Santiago, ele me contou a respeito de suas histórias e sua vida de seminarista e bacharel, mas o fato não está aí, mas em Capitu, talvez você meu amigo já tenha ouvido falar, ou lido, a respeito da amável moça de Matacavalos, olhos de cigana oblíquos e dissimulados.
É inevitável a dor que o amor nos traz, é antítese, é completamente incompleto, e se meu amigo tivesse me contado antes a sua história, certamente não teria vivido a minha.
Conversávamos pouco, é verdade, mas foi o bastante para admirar a grande de Santiago, é claro que falar de Escobar era, por vezes, inevitável, porém a tentativa era a máxima de não tocar nesse nome, eu era um dos poucos que ainda o chamava Senhor Bento Santiago, no mais, os outros o chamavam Dom Casmurro, graças ao pequeno poeta das linhas de trem, foi só uma durmidinha, trinta segundos talvez, mas o bastante para ganhar o apelido que o eterniza, era forte por isso evitava, embora já o tivesse absorvido com leveza.
Levado pelas histórias dele, tão semelhantes as minhas, resolvi seguir ao meu mestre e contar a minha história para as pessoas que admiram meu amigo, por favor, leitor não pense que é por inveja, não, é por pura admiração e amor a um amigo a quem devo muito, pena que Bentinho não poderá ler minha obra, pois morrerá a cinco anos, e sei que adoraria ter foliado meus pergaminhos manuscritos, em encher minha pena, para ajudar-me.
Se você, meu caro leitor, ou leitora, quer conhecer minha história, por favor prossiga sua leitura, mas se não deseja, feche o livro e vá para as histórias dos subúrbios.

II
Minha Capitu

Nunca pude imaginar que uma Capitu seria a minha perdição, meu amigo sempre me disse que esse nome era fruto de sua perdição, e eu mesmo sabendo fui submetido a uma nova dissimulada, a minha Capitu ao que eu vejo era univitelina, pois simplesmente não havia diferença entre elas, bendita era a sua beleza, meu amigo eu te digo nunca vi alguém que me arrebatasse com tanta força e me jogasse no chão com um simples olhar.
Talvez você deva estar se perguntando, mas como é realmente essa mulher?
Por favor, a você que estava já com esse pensamento, mil perdões, por vezes me empolguei em falar o quanto ela era bela e me esqueci de falar dela, permita-me descrever a beleza de minha perdição, é claro que até onde o léxico permite, pois muitas das expressões ainda não possuem palavras existentes.
A minha Capitu era capaz de hipnotizar uma serpente, seus olhos era como os da Medusa, uma vez vistos era impossível de se mover a outra direção, meu nobre, tenho certeza que se tivesse a visto algum dia algo parecido àquele verde azulado caramelo escuro, sim era isso, parece confuso, mas alterava as cores conforme ficava mais linda, saberia o encantamento que aqui descrevo, sua boca mais aparentava uma fruto suculenta retida de sua árvore, fruto da árvore proibida, pois o desejo de beija-la tornava o ato um verdadeiro pecado carnal, nobre de minha ganância tê-la para mim.
Por vezes ainda penso que tudo era fruto de minha imaginação, mas digo que não era, pois o dia que escutei aquela boca pronunciar um som, ao que mais parecia uma melodia de sereia, encantadora e irresistível, fiquei totalmente atordoado.

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